Mary Weffort
Arquiteta e Designer de Interiores, campineira. Apaixonada por rock desde que se conhece por gente. Quando criança dançava Rolling Stones e adorava o Nevermind-Nirvana. Comecei minha paixão por metal sinfônico adolescente e continuo até hoje.
Entrevistamos a banda Outland que vem conquistando espaço na cena de metal nacional.
Outland é uma banda brasileira de metal progressivo, formada em 2019 por Diego Reategui (vocais), Raphael Vale (guitarra), Leo Coelho (baixo), Tio Lu (teclado) e Mauro Morais (bateria). Um dos diferenciais da banda, que vem agradando o público, são suas influências de Hard Rock e Game Music, que trazem melodias e harmonias marcantes com ritmos complexos para retratar uma realidade além da imaginação. A banda recentemente lançou seu “EP City of Eternal Lights”.
Confira a entrevista exclusiva para o site Letsgorock.net:
Como a banda se formou?
A história da banda começa em 2008 quando o guitarrista Raphael Vale, junto a seu amigo de infância, o baterista Mauro Morais, resolve unir sua paixão por Rock Progressivo e Heavy Metal, e seus estudos musicais com sua admiração por games e RPG, criando assim a banda Lirium (2008-2010), um projeto audacioso de Metal Progressivo ambientado em um universo alternativo que serviu de base para as composições. Já em 2019, Raphael e Mauro se reúnem novamente com os companheiros da antiga banda Leo Coelho (baixo) e Tio Lu (teclado), trazendo suas novas influências e ideias para os arranjos originais. Com a entrada do vocalista Diego Reategui, nasce então o Outland.
O nome,”Outland”, como criaram?
O nome “Outland” surgiu pela primeira vez em 2010, ainda na época do Lirium. Nossa primeira vocalista era Elise Veríssimo, e tinha formação lírica (daí em parte a ideia do nome “Lirium”). Com a saída dela, as vocalistas que vieram depois tinham uma pegada mais Rock. Isso aliado com o universo criativo da banda, em que muitas músicas se passavam em um universo distante, trouxe a ideia do nome “Outland”, que foi adotado em definitivo em 2019, após a reignição do projeto e a entrada de Diego nos vocais.
Quais são as referências/influências musicais de vocês?
Influências da banda: Rock/ Metal Progressivo, Hard Rock, Game Music, Música clássica, Jazz Fusion, Synthwave, World Music, entre outras.
Diego: Bruce Dickinson. Tobias Sammet, Andre Matos, Michael Kiske, Axl Rose, Bon Jovi, Rob Halford, Freddie Mercury, Klaus Nomi, Adam Lambert, Klaus Meine, Leonardo Gonçalves, Anderson Freire, Philipe Jaroussky, Linda Perry, Ann Wilson, Beth Hart e Bjork
Raphael: Alex Lifeson, Brian May, Edu Ardanuy, Edward Van Van Halen, Joe Satriani, Kiko Loureiro, Nick Johnston e Roland Grapow.
Leo: Duff Mckagan, Flea, Geddy Lee, Jaco Pastorius, Marcus Miller, Marko Hietala, Michael le Pond, Billy Sheehan, Felipe Andreoli, Sergio Groove, Junior Braguinha, Henrik Linder e Fernando Molinari.
Tio Lu: Casiopea, Space Junk is Forever, Snarky Puppy, Cynic, Beyond Creation and Symphony X.
Mauro: Chad Smith, Eloy Casagrande, Neil Peart, Roger Taylor e Virgil Donati
“Hybrid One” foi o primeiro single do novo EP de vocês. Conta um pouco sobre o processo de composição dele?
Hybrid One foi composta pelo guitarrista Raphael Vale em 2008. Nesta composição, influências de Hard Rock se misturam a experimentações progressivas como compassos quebrados e harmonias exóticas. Ela conta a história da “Mestiça sem Nome”, a protagonista do EP “City of Eternal Lights” e por isso a música foi batizada como “Hybrid One”. Ela trata dos conflitos existenciais de alguém que não encontra seu lugar no mundo, e que apesar da descrença no propósito maior das coisas, vive em conflito com sua própria natureza divina, vivendo o martírio da dualidade, numa constante jornada de autodescoberta.
No dia 24 de fevereiro, vocês lançaram o novo EP “City of Eternal Lights” – O que letra dele representa?
A faixa do título do “EP City of Eternal Lights” fala sobre este local, a “Cidade das Luzes Eternas”, um paraíso cosmopolita alheio às mazelas do mundo, onde as pessoas se isolam para viver o sonho de uma vida especial e apenas desfrutarem dos prazeres mundanos. Ela representa os diversos subterfúgios que criamos para não ter que encarar a realidade dos fatos, vivendo uma ilusão de relevância pessoal e de controle em meio ao caos.
Sobre o EP City of Eternal Lights, nos contem um pouco sobre o processo de criação dele – desde as ideias iniciais, composição e até as ilustrações?
A primeira música composta foi “City of Eternal Lights” em 2007, ainda nos primórdios do projeto. Com o tempo, outras músicas foram criadas retratando diferentes trechos da saga da “Mestiça Sem Nome”, e também outras que já tratavam de outros temas dentro do universo criativo. “Hybrid One”, “Undergrave” e “Devil’s pareciam fechar bem este arco narrativo, como capítulos de uma jornada, convidando o público a imaginar as lacunas e fazer as conexões, então a ideia de juntar isso em um único lançamento veio naturalmente. As artes conceituais do EP foram idealizadas por Raphael Vale, principal criador do Universo Outland. As ilustrações ficaram por conta da artista paraense Valéria Aranha, que topou o desafio de dar vida e cores a este mundo, conseguindo representar esta visão de forma espetacular.
Farão um tour de lançamento?
Inicialmente estamos já trabalhando na produção de um show de comemoração do lançamento para abril e outro show em maio, ambos em Belém-PA. Há outras apresentações em vista para o primeiro e segundo semestre e planos para levar o show para outras cidades, mas sem datas confirmadas ainda.
Vimos que o EP será lançado tanto na versão física como digital. Como veem o futuro com relação às mídias físicas? Quais vocês preferem?
A ideia de fazer um lançamento físico veio do desejo de ter uma lembrança tangível do lançamento, algo que pudesse ser guardado. Além do mais, queríamos muito que as pessoas tivessem a oportunidade de ter versões impressas das artes visuais. O fato de muitas pessoas não terem um CD Player para ouvir a mídia física fez com que pensássemos na ideia de fazer um site exclusivo para que pudessem ouvir e baixar não só as músicas mas também uma série de materiais bônus, e ao mesmo tempo poder guardar o exemplar físico como lembrança. Então cada CD tem um QR code de acesso ao site “The C.O.E.L Experience”, onde podem acessar diversos materiais bônus. Apesar do consumo de mídias físicas hoje ser menor, ainda são uma forma elegante de apresentar um trabalho completo ao público, sobretudo quando a questão do aparelho não é mais um obstáculo para o consumo e sim uma opção. Mas a questão da mídia física não deveria ser um empecilho para levar a música às pessoas, então lançamos também uma versão totalmente digital, disponibilizada na plataforma Bandcamp e que também tem acesso ao site exclusivo. Eventualmente poderemos disponibilizar as músicas em canais de Streaming também, como Spotify, Deezer, etc. Mas neste primeiro momento, primamos por um contato mais próximo com o público, e queremos convidar as pessoas a conferirem nosso primeiro trabalho como uma obra completa, e também apresentar aos nossos apoiadores e ouvintes uma experiência audiovisual plena.
Como veem o cenário do metal nacional atualmente?
Vemos grande potencial para bandas que entendem a necessidade de se adaptar às novas tendências de forma inteligente e independente, e sobretudo de se capacitar profissionalmente, se diversificando dentro das diversas áreas da produção musical (marketing, finanças, produção fonográfica, edição de vídeos, vendas, etc.), e também agregando público de forma orgânica, estreitando laços com seus apoiadores e parceiros profissionais na cena. Mesmo para bandas independentes, é possível alcançar grandes feitos com o devido planejamento, articulação e dedicação.
Quais são os projetos futuros?
Estamos trabalhando em alguns projetos para os próximos meses. Primeiramente, estamos produzindo o show de comemoração do lançamento do EP em abril. Também traremos o documentário sobre a vida do Maestro Andre Matos (do cineasta Anderson Bellini) para uma exibição em Belém junto a um show tributo do Outland em maio (ambos os eventos com datas a serem divulgadas em breve). Para o segundo semestre, planejamos uma segunda edição do festival de Rock Progressivo “Fly By Night” em Belém, junto a outras bandas autorais da cena progressiva local e, para o final do ano, talvez um videoclipe e uma versão comemorativa “mais que especial” do EP “City of Eternal Lights”.
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